terça-feira, 15 de setembro de 2009

Apenas uma mais...

Apenas uma mais - Carlos Miranda


Apenas uma mais decepção,
Que me obrigo a esquecer,
De que um dia partilhei
Dessa leviana devoção,
E que eras tudo que sonhei...

És tão falsa como mulher
Quanto como pessoa!
És digna de nenhuma fé,
És navio sem popa e proa.

Como descrever a mágoa que sofri,
Sendo teu, em teu teatro magistral?
Nada até hoje, que eu vivi,
Foi capaz de me alertar deste teu mal...

Esse teu olhar deceptivo,
Permeado de fúria inocente,
Vazia em tudo,
Criança maldosa,
Mulher insolente!

Por um tempo foste mestra ao enganar-me,
Fizeste força para eu ingênuo amar-te,
E assim o foi...

Mas tudo que é falso um dia implode,
E tudo que é certo um dia acode!
A beleza um dia acaba
E a saudade a gente mata,
A tiro, a faca e com paulada,
De morte matada,
Cessa a saudade vivida,
Igual já fiz antes,
Já és esquecida,
Nada em ti é tão especial assim
Que não possa ser resposto
Afinal, nem na cama,
Teu gosto é novo...

Apenas mais frieza
Olhar patente,
Incrível aspereza,
Aquela que era tão altruísta
Quedou – se por terra,
Não! Eu não sou masoquista.

Imagino eu, quantos ludibriastes
Com essas tuas sujas palavras fáceis,
O Amor verdadeiro é vindo de Deus,
E pra você é mentira e alarde.

Com pena de todos, menos de mim,
Sempre era tudo urgente,
Menos aquilo que era assim,
Em meu nome, em meu cuidado,
Eu era aquele escondido,
O “outro,” do outro lado.

Quanto tempo perdido,
Com você desperdicei,
Mas finalmente descobri,
Aquilo tudo que hoje sei....

E deveria eu, estar injuriado?
Dessas mentiras tuas eu sou curado,
Como doença e epidemia
Estou tratado,
Desse amor e agonia
Não sou mais alvo.

Por vezes vi tuas lágrimas verterem
E,agora, te veria chorar
E os mil rios encherem
E nada faria pra te amparar.

Apenas uma mais indecisa,
Que nunca soube comigo viver,
Irresponsável e incógnita,
Apenas brinca de Ser.

Ser boa e Ser verdadeira,
Tão difícil que é,
Ser duas ou mais pessoas,
Ser carrasco e mulher...

Sempre dona de toda verdade,
De intimidade intocável e estórias complexas,
Doutora em desculpas e dona de mil vidas anexas,
Tudo em você é tão impreciso,
Que já nem sei quem conheço
Ou se és apenas declive e abismo.

Espero que mudes, espero que esqueças,
Que tenha amnésia de mim,
Mas a poesia, para ti,
Triste dona do meu desdém,
Ah...essa tinha que ser o teu fim.