quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Se és capaz

Excepcionalmente, uma poesia que não é de minha autoria. Mas desejo ser capaz de viver assim, em plena harmonia.


Se és capaz


Se és capaz de manter a sua calma quando
Todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto encontrar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que dissestes,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persisitir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes.
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,

E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que é mais - tu serás um homem, ó meu filho!

Rudyard Kipling

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Penso

"E de tanto pensar, por acreditar ser possível, e de tanto sonhar, por acreditar ser entregue, o destino me trouxe, finalmente, a beleza celeste. Como eu desejo que sejas dona de toda poesia, dona de toda riqueza, motivo especial de minha alegria. Eu te recriei minha sina, de vontade agreste, menina topolina".


Penso


Eu andei pensando sobre a poesia,
E sobre a vontade de te escrever,
Decidi, enfim, que injusto seria,
Se nenhuma palavra mais,
Eu dedicasse a você.

Afinal, a arte é minha,
Mas a inspiração é você,
É tão incrível a dicotomia,
De querer-lhe, e não lhe ter...

Nunca tive, na minha vida,
Tanta vontade, em alguém,
sem nem ao menos conhecer,
cada traço, desse teu corpo
Em desejo puro venho a tecer

Algumas rimas pretenciosas,
Já que, por enquanto,
apenas posso dizer,
Sobre um beijo que já tive,
E que não consigo esquecer.

Procurei fazer algo singelo,
Um tanto simples, um marco belo,
mas que ousasse um pouco,
nada sem respeito,
ou de caráter torto,
mas sim que falasse solto,
de tudo que há em você.

E foi assim, de um ardor lascivo,
Quando penso em você,
Nos beijos que a ti reservo,
E em cada minuto de prazer...

Penso na sua boca trêmula,
no seu pescoço perto,
nas tuas mãos entrego,
Todo meu ser...

Penso nos teus cabelos soltos,
na tua pele quente,
Na tua língua entre os dentes,
E nos gemidos por fazer...

Penso em todas as tardes,
E noites, e manhãs,
Que ainda hei de ter,
E acordar ao teu lado,
Completamente envolvido,
Dizendo em teus ouvidos,
Da vontade de você.

Penso em cada dança,
Seu corpo junto ao meu,
Morango com campanhe,
Minha massagem um apogeu...

Penso nas minhas mãos em tuas costas,
Te desfazendo do estresse da semana,
Numa sexta a noite toda esperança,
Nada mais a se desfazer...

Penso que teus lábios sentem,
Vontade louca de se entregarem,
E te desafio a ousares,
No tempo certo, a tentar.

Penso na poesia que hei de recitar,
Enquanto ensino nova lição,
De como garota tímida
há de amar...

Penso nas palavras impróprias,
Nessa leviana satisfação,
Nas mil e incontáveis formas,
no ardor da dedicação,
de ser mestre, pós-graduado,
na arte de te dar prazer.

Penso, enfim,
Quando tudo irá acontecer,
mas pressa não há em mim,
a vida se encarrega
de me trazer você.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Apenas uma mais...

Apenas uma mais - Carlos Miranda


Apenas uma mais decepção,
Que me obrigo a esquecer,
De que um dia partilhei
Dessa leviana devoção,
E que eras tudo que sonhei...

És tão falsa como mulher
Quanto como pessoa!
És digna de nenhuma fé,
És navio sem popa e proa.

Como descrever a mágoa que sofri,
Sendo teu, em teu teatro magistral?
Nada até hoje, que eu vivi,
Foi capaz de me alertar deste teu mal...

Esse teu olhar deceptivo,
Permeado de fúria inocente,
Vazia em tudo,
Criança maldosa,
Mulher insolente!

Por um tempo foste mestra ao enganar-me,
Fizeste força para eu ingênuo amar-te,
E assim o foi...

Mas tudo que é falso um dia implode,
E tudo que é certo um dia acode!
A beleza um dia acaba
E a saudade a gente mata,
A tiro, a faca e com paulada,
De morte matada,
Cessa a saudade vivida,
Igual já fiz antes,
Já és esquecida,
Nada em ti é tão especial assim
Que não possa ser resposto
Afinal, nem na cama,
Teu gosto é novo...

Apenas mais frieza
Olhar patente,
Incrível aspereza,
Aquela que era tão altruísta
Quedou – se por terra,
Não! Eu não sou masoquista.

Imagino eu, quantos ludibriastes
Com essas tuas sujas palavras fáceis,
O Amor verdadeiro é vindo de Deus,
E pra você é mentira e alarde.

Com pena de todos, menos de mim,
Sempre era tudo urgente,
Menos aquilo que era assim,
Em meu nome, em meu cuidado,
Eu era aquele escondido,
O “outro,” do outro lado.

Quanto tempo perdido,
Com você desperdicei,
Mas finalmente descobri,
Aquilo tudo que hoje sei....

E deveria eu, estar injuriado?
Dessas mentiras tuas eu sou curado,
Como doença e epidemia
Estou tratado,
Desse amor e agonia
Não sou mais alvo.

Por vezes vi tuas lágrimas verterem
E,agora, te veria chorar
E os mil rios encherem
E nada faria pra te amparar.

Apenas uma mais indecisa,
Que nunca soube comigo viver,
Irresponsável e incógnita,
Apenas brinca de Ser.

Ser boa e Ser verdadeira,
Tão difícil que é,
Ser duas ou mais pessoas,
Ser carrasco e mulher...

Sempre dona de toda verdade,
De intimidade intocável e estórias complexas,
Doutora em desculpas e dona de mil vidas anexas,
Tudo em você é tão impreciso,
Que já nem sei quem conheço
Ou se és apenas declive e abismo.

Espero que mudes, espero que esqueças,
Que tenha amnésia de mim,
Mas a poesia, para ti,
Triste dona do meu desdém,
Ah...essa tinha que ser o teu fim.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O meu Alívio...

Para a mulher que pode ser considerada o meu Alívio, a única palavra que consegue descrevê-la com o mínimo de precisão, diante de tamanha complexidade do Ser, beleza incomensurável e mistério mágico:


Alívio do Ser


Se eu pudesse resumir-lhe em uma palavra
Seria apenas Alívio,
Aquilo que eu lhe diria...
Alívio dos olhos, por tua beleza,
Alívio da alma, em tua alegria...
Alívio do encontro,
Que há tanto queria,
Alívio da vida,
que já não é mais vazia.

Se Alívio pudesse descrever o que sinto
quando lhe amparo, acerto e refino
os sentimentos que a ti dedico,
Ah amor meu,
O Alívio de saber
que me amas
E que um dia voltarei a ser seu...

É Alívio o lugar sagrado,
Que me encontro nesse momento,
Olhando para a tua cama,
é Alívio saber que tempo
é tudo que há entre nós...
O Alívio que chama,
Me convida à você,
Ser um mestre na trama,
De conquistar-te e ser
Sempre o oposto da fama,
O amor discreto em você.

Se eu pudesse alcançar-te na tua raiva,
Dizer o quanto és Alívio em minha morada,
Retirar de ti toda indignação,
E dar-te aquilo que mais prezas,
em tua paixão...
É no Alívio, enfim
que o amor floresce...
Digna de tantas homenagens
Como duvidas que sou teu?
Inconcebível meu desejo em amar-te,
Aliviado o meu apogeu.

Esse Alívio reclama
O mais alto saber,
De quem já foi esperança,
E hoje é puro querer,
Esse Alívio é descrever,
Como quem nada proclama,
Quando já disse tudo a você,
Nessa “aliviana” lembrança,
Eu me ponho a viver.